terça-feira, 27 de agosto de 2013

O MUNDO PARALELO


O mundo paralelo é aquele no qual vivemos e via de regra somos rejeitados, no fim da vida, pela sociedade, pela família e até por nós próprios - sem auto-estima e sem coragem para enfrentar o tratamento injusto e desumano para com os idosos, como se eles fossem culpados pelas suas doenças, sua pobreza e pelo desprezo com que a sociedade os vê, indiferente às suas dores e aos seus lamentos.
De certa forma, só se sentem protegidos contra esse abandono, em que os colocam a família e o poder público, quando têm recursos próprios para manter-se sem precisar de ajuda, e paciência suficiente para agüentar os elogios de bajuladores interessados nos seus bens.
O mundo paralelo é este, insensível, desumano, que a terceira idade não pode aceitar calada, sem um protesto indignado contra aqueles que fingem desconhecê-la, por conveniência e por falta de solidariedade humana. Agem com a mesma desfaçatez dos governos, que fazem ouvidos moucos às suas queixas, como se não entendessem e elas não estivessem diante de seus próprios olhos.
A velhice não é o fim da vida. É uma etapa da vida, com a infância, a adolescência e a mocidade. A sentença de que ao idoso só resta esperar a morte é um grande equívoco, em que só acreditam os mal informados. Nada disto. O velho pode e deve fazer projetos, acalentar esperanças, alimentar ilusões. O que ele precisa é evitar doenças, e, quando as tiver, tratá-las com a crença na cura.
A velhice só existe para os doentes.

A terceira idade saudável é tão jovem quanto qualquer outra idade saudável. A medicina está aí para prová-lo, com avanços freqüentes prolongando a existência humana com suas incríveis descobertas científicas e tecnológicas. Cabe ao idoso beneficiar-se delas e chegar à senectude sem o desespero e as angústias dos enfermos desassistidos.
Nós devemos nos preparar para viver e não para morrer.

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